Conheci Caio e Graco no lendário I Concerto de Rock do Ceará (sim
aconteceu, em 1974). Mas só nos tornaríamos amigos durante as gravações do
álbum Massafeira, no Rio. Em comum nossa paixão por Bob Dylan e tantas outras, que
sempre renderam longos e divertidos papos especialmente com Graco, que mora em
São Paulo. Esses dois irmãos cearenses são autores de grandes canções da Música
Popular Brasileira e também parceiros de vários músicos e poetas. Graco fez
música com Belchior, Ednardo, Augusto Pontes, mais recentemente com Reinaldo Bessa,
Mario Montaut, Daniel Taubkin; Caio com Fausto Nilo, Francisco Casaverde. Uma
obra vasta, consistente, bela. Eles foram gravados por Fagner, Simone, Belchior.
A lista é enciclopédica.
A canção emblemática de Caio e Graco, sucesso nacional, na trilha de
uma novela da Rede Globo assinada por Janete Clair, interpretada por Fagner, é “Noturno”,
que por esse motivo exposto, muita gente também chama de “Coração Alado”.
Quando fui escolher o repertório de “Praia Lírica”, essa música dos
meus amigos, já interpretada por muitos cantores, como o próprio Graco me
contou um dia, representava mais um risco a correr. Quando ouvi o arranjo do
Fernando Moura, fiquei muito emocionada. E minha ideia era quase “dizer” o
poema-letra que é “Noturno”, uma das mais belas canções da MPB.
Lembro de um show que fiz no
Teatro Hall e convidei o Graco para uma participação especial. Ele tocou violão
e nós cantamos algumas pérolas cearenses. Esse retrato em preto e branco está
na “parede da memória” não como uma “lembrança que dói mais”, mas com vontade
cada vez mais de mostrar (e relembrar para muitos) a beleza dos versos de que são
capazes de escrever os poetas da minha terra.