sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Fernando Chuí







A capa de Praia Lírica é assinada por Fernando Chuí. Ele é um daqueles artistas renascentistas que nascem com o dom de tocar, desenhar, escrever. Fiquei tão encantada com seus desenhos que o convidei pra fazer a capa de Salve a Beleza. Depois não resisti e o convoquei de novo para o “Praia”. Fernando teve toda a paciência para minhas idas e vindas, certezas e indecisões,  sempre interessado em contribuir para o bom resultado, achar a melhor saída.
No final, vendo que eu estava indecisa entre duas fotos de Francisco Sousa, ele mesmo escolheu e montou a capa com as duas. Para o disco Salve a Beleza, fez desenhos que acho muito bonitos, alguns sobre fotos de Claudio Lima, Ana Komel e Maira Sales.
Quem me apresentou ao Fernando foi o poeta Fabrício Carpinejar, com quem fizemos o recital lítero-musical “O Dom do Ciúme” com base em Dom Casmurro, de Machado de Assis, projeto que contou também com a participação de Luiz Ruffato e José Roberto Guedes.
Em Salve a Beleza, gravei uma canção dele de letra engenhosa, Estrela Morta. Uma forma de falar de amor bastante original (e olha que não é fácil). “Como uma estrela morta/ quer tudo para si”. Não é genial? Para ouvir, clique em http://soundcloud.com/mona-gadelha/02-estrela-morta .

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O fotógrafo



Francisco é ele, o boto. Nascido no Pará, morando em Fortaleza. Conheci suas fotos nos livros que fez em parceria com Gilmar de Carvalho (Artes da Tradição, Rabecas do Ceará, entre outros). Generoso, atencioso, amoroso. Tenho muita sorte com fotógrafos! Trabalhei no jornalismo e na publicidade com vários (Chico Albuquerque, Mauricio Albano, Gentil Barreira, Ed Viggiani, Celso Oliveira, Vidal Cavalcante, Claudio Lima, Silas de Paula, Carlos Gadelha, Arnaldo Pereira, Márcio Távora. Deve estar faltando mais nomes). Fiz fotos com todos eles e com as meninas (Kátia Lombardo, Maira Sales, Sheila Oliveira, Marise Rangel, Ana Elisa Komel, Renata Alexandre). A fotografia é uma arte que amo. Tanto que fui coordenadora do Ponto de Cultura Memórias do Olhar. Especializado em quê? O nome já diz.  


Chamei Francisco pra fazer a capa do Praia Lírica. Escolher a foto da capa do disco é tão importante pra mim quanto o repertório (continuo achando que um disco é uma narrativa). E produzir a capa também é uma das partes mais dolorosamente prazerosas.
Primeiro fizemos uma sessão de fotos na Praia do Mucuripe. Outras no Passeio Público. Com essas fotos, montamos o projeto e fomos procurar os recursos. Nesse intermezzo, montei com Maira Sales e Gilmar de Carvalho a primeira exposição de Francisco Sousa em São Paulo, na CAIXA Cultural, a bela Cemitério Marinho.




Um dia vi os registros que Francisco havia feito em Camocim. Paixão à primeira  vista. Queria aquela luz na capa do disco. Contei pro Gilmar e ele generoso, como sempre, organizou nossa viagem.Três dias fotografando. Horas e horas, tardes e manhãs. Eu não me canso. Com fotógrafo, eu topo tudo.
Maira Sales foi também e, de outro ângulo, com nova luz, fez a foto da capa do quarto CD, Salve a Beleza. Valeu essa viagem à  movimento dos barcos de Camocim, lembrando o clássico de Macalé.



Obrigada, Francisco, pelas fotos da capa. Era tudo que eu queria.





terça-feira, 23 de agosto de 2011

O piano





Conheci Fernando Moura em 82. Eu estava no Rio a convite do Xico Chaves, que por sua vez foi me apresentado por telefone pelo Stelinho (Stélio Valle, grande compositor cearense). O Xico tinha conseguido um horário no estúdio da Polygram e precisava chamar os músicos. Aí entra em cena o Rui Motta (eu tenho o privilégio de ser amiga dele também) que trouxe a banda - ele, Chico no baixo, Paulinho Guitarra e o Fernando nos teclados. Gravamos duas músicas (“Imagine Nós” e “Escorpião”, esta com a participação da Aurea Regina, na gaita).
Nunca esqueci a generosidade do Rui e do Fernando naquela noite na Barra. Fernando com seus longos cabelos a La Rick Wakeman, fez rapidamente um arranjo pra “Imagine Nós”, que só vim a gravar de fato no meu primeiro CD (Movieplay, 1996). Nesse disco, contei com a participação dele e do Rui, para a minha alegria. Os únicos músicos do Rio, se somando aos outros 22 (!) que gravaram em São Paulo, produzidos por Alexandre Fontanetti.
Um salto no tempo e eis o Fernando dividindo comigo o CD Praia Lírica. Antes fizemos duas músicas (“Tudo se Move” e “Noturna”, do CD de 2004).
Eu sabia que estava com a pessoa certa pra concretizar esse trabalho. Além da amizade de tantos anos, o conhecimento que ele tem da música do Ceará, o seu convívio com toda a turma daquela época.
A cada música escolhida e a cada arranjo que o Fernando mandava, eu me emocionava. Gravamos separados – ele no Rio e eu em São Paulo, no Space Blues, do Alexandre. Muitos emails trocados do Japão pra cá. “Paralelas” ele mixou em Tokio.
Juntos, fizemos apenas “Lupiscínica”, no estúdio Guidon, na Aclimação, no intervalo de um show que ele estava fazendo com o cantor japonês Kazumi Miyazawa. 
Demoramos todo esse tempo para dividir o mesmo palco – embora musicalmente o nosso encontro tenha começado naquela noite perdida dos anos 80. E havia de estarmos sós, eu e ele. Uma companhia que me honra. 

     

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

No palco sagrado



Só me dei conta de que nunca havia pisado o palco do Teatro José de Alencar para uma apresentação solo no dia, 29/07/2011. Tantos shows em Fortaleza e lá, onde dei meus primeiros passos na música, quando participei com Fernando Marques (também voz e piano) da Massafeira, eu ainda não havia me apresentado. Talvez guardando o momento para aquela noite, tão significativa pra mim, cantando os autores com quem tive a oportunidade de conviver e admirar, como Augusto Pontes, Rodger Rogério, Ricardo Bezerra, Petrúcio Maia, Fausto Nilo, Belchior, Ednardo, Brandão, Caio Silvio e Graco.
Fiquei muito emocionada quando cheguei e encontrei o Mauro Coutinho, nosso eterno técnico de som dos tempos do rock na Fortaleza anos 70. Fernando Moura ficou maravilhado com o piano, que pouco antes do show nos deu um susto, com um defeito numa mola (acho que foi isso). E no backstage estava tudo muito excitante. Valéria Pinheiro e seus bailarinos (Paulo,Alda e Tati), Cacilda Vilela e seus figurinos. Maira Sales e seus equipamentos. Laiza e Lindenberg ensaiando o bolerão.
A equipe torcendo junto. Sofrendo junto.Vibrando junto (Leo, Denise,Germana, Mateus, Davi,Wallace).
“Marquinhos chegou. Ricardo Bezerra também.Gilmar de Carvalho entrou.Fausto Nilo parece que vem”. 
Era o que se ouvia na coxia. TV C, TV Diário na cobertura antes, durante e depois.
No dia de um show sempre penso que aquele será um momento para nunca mais esquecer.Pra viver cada segundo de tudo – por que de manhã, como diz Fausto Nilo em “Retrato Marrom”, “o fim da festa é uma certeza”. Vou lembrar que estava o Paulo Gabriel, do alto dos seus 5 anos na platéia, e Rita, minha mãe, também, com seus mais de 80. Na primeira fila, impossível não ver, dois amigos Maurício – Cals e Coutinho. Herlon e Carol .E no camarim, Luciano Almeida. Franzé, Marisa, Flávio Paiva e Andréa. Renata, Rebeca, Olga, Rosane. Perdigão e Joanice.
Quase chorei quando dediquei o show ao Siegbert Franklin e ouvi quando alguém gritou desesperadamente pelo Lúcio Ricardo. Também gostaria que os 3 “mosqueteiros” do rock estivessem ali.Acho que estavam. Pois eu pensei bastante neles. E ainda lembrei com João do Crato e Fernando Piancó no camarim os ensaios-performance na casa do primeiro na Barra do Ceará.
Também quase chorei (ou chorei mesmo) quando cantei “Noturno”. E adorei cair nos braços de Valéria, Cacilda e Davi para trocar de roupa depois desta canção e entrar cantando “Paralelas” com um visual parecido com o que eu usava nos shows do Teatro do Ibeu e Teatro de Arena da Crédimus.
O show está só começando, mas é como o que me dizem as pessoas que encontrei e que não puderam ir: “No teatro é diferente”.


domingo, 17 de julho de 2011

Um tributo à canção cearense


A idéia do disco Praia Lírica surgiu lá por 2007, 2006. Eu sentia saudade (ainda sinto) e vontade de cantar e ouvir canções arrebatadoras, daquelas que tocam a alma da gente de um jeito visceral.
Sou daquelas pessoas que ouviam rádio nos anos 70. Lembro do impacto que foi ouvir o lançamento de “Como Nossos Pais”, de Belchior, na voz de Elis Regina. Numa emissora de Fortaleza, CE. Aquilo não foi simplesmente uma audição, era uma verdadeira experiência. Gosto de mergulhar fundo numa canção. Logo comecei a pensar nas letras de Bob Dylan, nas referências da música. E tem sido assim no meu trabalho.
Comecei a pensar nas obras da chamada geração “Pessoal do Ceará”, pródiga de grandes letristas e suas canções encharcadas de melancolia. Ah, isso é a minha cara. Eu sou do blues, não tem jeito.
E percebi que sabia muitas das letras, que cantava sozinha, pra mim mesma, baixinho.
O disco traz 12 músicas. Difícil escolher num repertório tão vasto. Foi a memória afetiva que me guiou.
O projeto foi amadurecendo. Ganhou a parceria da Maira Sales, produtora, e do Fernando Moura, autor dos arranjos.
Um disco de voz e piano. Difícil e prazeroso de fazer.
O lançamento será dia 29 de julho, no Teatro José de Alencar, às 20 horas. Com portas abertas para todos vocês.