quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

30 anos esta tarde



O dia virou noite no Rio de 19 janeiro de  1982. No meu segundo ano da faculdade de comunicação, eu era repórter do caderno Domingo do jornal O Povo, com Izabel Pinheiro e Nonato Albuquerque, por obra e graça do Luis Sergio Santos, ex-colega na UFC, que cometeu a “contravenção” de me levar para a redação ainda sem diploma. 
Mas eu fui parar no Rio porque Xico Chaves me convidou para gravar uma demo no estúdio da Polygram. Ele ouviu o álbum Massafeira   e falou pro Stelinho (Stélio Valle), que me ligou e fez a ponte. O jornal me liberou para fazer entrevistas, e lá fui eu pro Rio, com o Xico me apresentando para todo mundo.
Como ia produzir a fita (naquela época era assim, com não sei quantas polegadas)? Sorte que era amiga do  Rui Motta, que "montou" a banda para a gravação. 
Conheci todos no estúdio: Paulinho Guitarra, Chico (baixo) e esse cara que fez o CD Praia Lírica comigo, Fernando Moura. Gravamos em duas horas (!) duas faixas, "Imagine Nós", que mais tarde, entraria no meu primeiro CD (Movieplay, 1996) e "Escorpião", até hoje inédita.
No dia da apresentação para o então diretor artístico da Polygram, Roberto Menescal...ah, foi nessa tarde, 19 de janeiro de 1982, o dia em que Elis Regina deixava aquele céu do Rio de Janeiro totalmente cinza.Eu tinha que voltar pra redação, pro jornal.E trouxe a fitinha comigo.
Pensei que a tivesse perdido na minha mudança para São Paulo. Mas não. Achei ontem! Mostro aqui no link abaixo, numa brincadeira de fotos recentes e antigas. Há até uma do Fernando com nosso grande ManassésClaro, a qualidade é de fita cassete de 30 anos! 
De volta a Fortaleza, a faculdade, não levei um contrato com a Polygram, mas comecei uma amizade que permanece, com muitos trabalhos produzidos juntos, como o disco Praia Lírica. E antes disso, arranjos e piano para o primeiro CD, parcerias e produções no terceiro disco Tudo se Move. Além de mais uma história pra contar. 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Augusto





Não, não abandonei o barco. Depois de um longo tempo sem escrever, volto à maré.
Fiquei emocionada com o convite da Prefeitura de Fortaleza para a abertura do show do Reveillon 2011, pois foi fruto desse disco. Montamos o show com a banda formada por Edmundo Jr. (baixo), Mimi Rocha (guitarra), Herlon Robson (acordeon, violão), Daniel Alencar (bateria), Hoto Jr. (percussão) e participação de um grupo de percussão, conduzidos pela direção de Fernando Moura, adaptando os arranjos concebidos inicialmente para voz e piano.
No repertório incluí “Lupiscínica”, de Augusto Pontes e Petrúcio Maia. Augusto foi um amigo querido desde sempre. Eu o conheci em 78,79, na época da articulação em torno dos shows “Massafeira”, no Teatro José de Alencar (Fortaleza, CE). Vendo seu depoimento no documentário de Julia Limaverde e Ednardo sobre o tema na exposição Fortaleza 1970-2010 (Centro Dragão do Mar), comove a sua crença na amizade, na celebração coletiva.   
Um dia, quando ele era secretário de cultura do Ceará, passamos uma longa tarde conversando. Ele cheio de idéias para shows e me contando tantas coisas dos bastidores da “Massafeira”, que eu, tão menina na época, nem fazia idéia.
No grupo de artistas que viajou depois dos shows para participar do álbum duplo (relançado em 2010) eu, a banda Perfume Azul e Lúcio Ricardo éramos da turma do rock. Augusto, com Ednardo, nos colocou naquela trupe.
Na mesma época, lembro de Augusto, Ednardo e Téti conversando sobre a linda gravação de “Lupiscínica”, para o disco de Ednardo, no estúdio da CBS, no Rio, lançado em 79. Que privilégio meu assistir os dois gravando as vozes.
Claro que recordei tudo isso no palco do Aterro da Praia de Iracema e no show do Teatro José de Alencar, que ainda teve uma emoção a mais, com minha irmã, Laiza, dançando o bolero de Augusto e Petrúcio com o dançarino Lindenberg.
Lupiscínica é a única faixa do disco em que eu e Fernando Moura gravamos juntos - em São Paulo, no Estúdio Guidon. As outras faixas foram gravadas ele no Rio, eu em São Paulo.
Não tive tempo de mostrá-la a Augusto. A gente se encontrou tão pouco nas vezes em que fui a Fortaleza depois de me mudar para São Paulo. Mas era sempre uma alegria, uma saudade ouvi-lo, como na derradeira vez, quando Ricardo Bezerra me levou para as gravações de um documentário sobre o Pessoal do Ceará. E estavam lá Augusto, Rodger, Stélio Valle, Chico Pio, grandes compositores cearenses.
Augusto me levou para trabalhar com publicidade, na lendária agência Scala, onde ele era o diretor de criação. Eu escrevia minhas letras, minhas canções, e ele intuitivamente me perguntou se não escreveria anúncios também. Fui. Esta passou a ser outra experiência marcante pra mim, pro meu modo de pensar, para os caminhos que seguiria depois. Augusto, sempre abrindo portas. Acreditando na amizade.